Eu não sei
o limite que separa a minha ficção da minha realidade. E lendo muitos autores,
sempre vejo os mesmos “não limites”. Por que escritores conseguem desbravar
naturalmente o abstrato e o real? E por que desconsiderar alguma coisa, só por
que isto não é a sua verdade?
É complicado
escrever sobre alguma coisa que você não viveu, não presenciou ou pesquisou
sobre o assunto. Por que os diálogos não batem, as sentenças não fecham, e o
processo que deveria ser espontâneo acaba sendo fabricado e forçado, sem valia
artística. E não digo que estou correto. O fazer de um escritor é único.
Nem sempre
a verdade é a melhor valia literária. Ás vezes a ficção e um universo paralelo,
são ótimas saídas de fuga da realidade. Um escritor deve ser autêntico na
criação de seus personagens e cenários. E toda esta autenticidade vem de uma
forte inspiração artística ou da sua própria realidade pessoal.
E se
juntar as coisas todas, mesmo que por mais pesada e densa que seja a escrita,
sempre haverá um resquício imperceptível daquele autor que os escreveu. E é
desta brincadeira que eu mais gosto! O que dentro da narrativa é ficção e o que
é a realidade desfigurada?
Um
escritor não deve ser considerado mentiroso. Por mais que ele possa inventar
tudo aquilo que concebe. É o mesmo que desmerecer obras de caráter plástico,
escultórico, arquitetônico, etc...
O que se
observa na obra literária de diversos autores, é esta luta constante para se
desfazer de um passado abarrotado de informações e sentimentos, para mudar um
presente que não agrada, e desejar um futuro que lhe convença de que as
palavras são em essência verdades. Um autor não deve ser verdadeiro, mas fiel à
sua concepção artística.
[...]
Posso considerar algum luxo
ser lixo.
Posso abrir mão de minha
realidade em um hospício,
Mas não me peça para abrir
mão de minha verdade.
Se eu mudo a cor de meu
cabelo é por necessidade,
Não por uma revolta ou por
uma doentia fixação,
De fazer tudo e mais um pouco
para chamar a atenção.
Sou forte, não é sorte, sou
forte, sou forte, sou fera.
Eu não sou uma aberração,
Meu caminho é iluminado,
Ando nessa contramão,
Mas sou verdadeiro, em tudo
que eu faço.
Sou forte, sou ferro, sou
aço,
Sou o meu próprio futuro,
repleto de indecisão.
[...]
(Sou Forte - 2012 - O Diabo
Vespertino e a Loucura - Vinicius Osterer)
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