quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

A Escrita Deve Ser Verdadeira?


Eu não sei o limite que separa a minha ficção da minha realidade. E lendo muitos autores, sempre vejo os mesmos “não limites”. Por que escritores conseguem desbravar naturalmente o abstrato e o real? E por que desconsiderar alguma coisa, só por que isto não é a sua verdade?
É complicado escrever sobre alguma coisa que você não viveu, não presenciou ou pesquisou sobre o assunto. Por que os diálogos não batem, as sentenças não fecham, e o processo que deveria ser espontâneo acaba sendo fabricado e forçado, sem valia artística. E não digo que estou correto. O fazer de um escritor é único.
Nem sempre a verdade é a melhor valia literária. Ás vezes a ficção e um universo paralelo, são ótimas saídas de fuga da realidade. Um escritor deve ser autêntico na criação de seus personagens e cenários. E toda esta autenticidade vem de uma forte inspiração artística ou da sua própria realidade pessoal.
E se juntar as coisas todas, mesmo que por mais pesada e densa que seja a escrita, sempre haverá um resquício imperceptível daquele autor que os escreveu. E é desta brincadeira que eu mais gosto! O que dentro da narrativa é ficção e o que é a realidade desfigurada?
Um escritor não deve ser considerado mentiroso. Por mais que ele possa inventar tudo aquilo que concebe. É o mesmo que desmerecer obras de caráter plástico, escultórico, arquitetônico, etc...
O que se observa na obra literária de diversos autores, é esta luta constante para se desfazer de um passado abarrotado de informações e sentimentos, para mudar um presente que não agrada, e desejar um futuro que lhe convença de que as palavras são em essência verdades. Um autor não deve ser verdadeiro, mas fiel à sua concepção artística.

[...]
Posso considerar algum luxo ser lixo.
Posso abrir mão de minha realidade em um hospício,
Mas não me peça para abrir mão de minha verdade.
Se eu mudo a cor de meu cabelo é por necessidade,
Não por uma revolta ou por uma doentia fixação,
De fazer tudo e mais um pouco para chamar a atenção.
Sou forte, não é sorte, sou forte, sou forte, sou fera.
Eu não sou uma aberração,
Meu caminho é iluminado,
Ando nessa contramão,
Mas sou verdadeiro, em tudo que eu faço.
Sou forte, sou ferro, sou aço,
Sou o meu próprio futuro, repleto de indecisão.
[...]


(Sou Forte - 2012 - O Diabo Vespertino e a Loucura - Vinicius Osterer)

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