quarta-feira, 5 de abril de 2017

Fernando Pessoa

Por que escrever sobre Pessoa? Não sei se você acha isso uma coisa habitual. Peguei um livro ao acaso, quebrando a minha ordem da lista de livros nacionais que devo ler. Estou quebrando a lista já fazem algumas semanas, e até aí tudo era muito normal.
Para alguém que é amante da literatura, em especial da poesia, não ler Fernando Pessoa é um crime horrendo! E confesso que desde que descobri no começo deste ano seus heterônimos, passei a me achar menos louco, escrevendo com outros nomes em outras épocas da minha vida.
Até aí tudo bem. Porém, comecei a ler seu livro fim de semana. “Mensagem” seria mais um da minha lista. Pulei todas as informações da capa, fui logo para a parte um do livro, cheio de suas histórias de personagens portugueses que de nada seriam importantes para mim. Até que, hoje de meio dia terminei a parte um. Estava intrigado e fui ler a pequena biografia que acompanhava o livro. Me intriguei ainda mais e fui para o começo do livro novamente, li toda a introdução e ali me bateu uma dor antiga. Coisa da minha cabeça de anos atrás, quando me deparei sem mãe com uma caneta na mão. Ele não seria apenas mais um poeta português da minha lista de leitura. Isso já era de se esperar de qualquer ser humano que abre seu coração para Fernando Pessoa. E me entreguei de tal forma que não reparei que estava acabando a parte dois, chorando no banheiro com os versos tão famosos:

“Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena”

Versos estes da poesia “Mar Português”. E entre tantas personalidades históricas acabei vendo luz onde não achava que veria. E para mim, que sempre achei estranha esta condição horrível em que vivo, tendo que frequentemente mudar para conseguir me habituar com novos hábitos e costumes próprios, Fernando Pessoa parece ser um ídolo, um mártir português que... Pois bem, chorei aqui novamente. A poesia me deixa desta forma tão singela, tão pequenina, eu me sinto um nada perto de tamanha imensidão de palavras, de efeitos sonoros e percepções e sentimentos. Um dia ainda irei explodir, virar menos matéria e mais letras e nada...
E acabei de folhear seu livro, pelas partes que virão. Que meus olhos terão o prazer de ler, minha mente de reconhecer e minha alma de sentir. Qual será o mistério? Acredito em fatos que devam acontecer. Sou apegado a numerologia, astrologia, simbologia e dogmas espirituais (de diversas religiões). E não sabia por exemplo, que além de heterônimos, sua obra prima também é composta da palavra fragmentos, de poesia fragmentada. Neste momento pensei: sim. Estou indo pelo caminho certo, acredito no meu Anjo da Guarda!
E para mim a “Mensagem” deste livro não poderia estar mais clara: hoje, dia 05 de Abril de 2017, às 13:42 minutos, de uma quarta-feira chuvosa, na cidade de Francisco Beltrão, nasce um poeta legítimo. Eu quero viver este sonho. Eu quero me completar de letras e literatura. Eu estou jogando fora todos meus sonhos de bacharel em Arquitetura e Urbanismo, abandonando minhas perspectivas como profissional arquiteto, minhas pesquisas da área de urbanismo, toda a visão que as pessoas tinham sobre mim como sendo alguém com um futuro promissor, criatividade e talento. Isso para mim é superficial. Eu quero adentrar dentro do mundo das grafias, dos símbolos, e só sair de lá morto.

(Vinicius Osterer, 05 de Abril de 2017)

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