Por que
escrever sobre Pessoa? Não sei se você acha isso uma coisa habitual. Peguei um
livro ao acaso, quebrando a minha ordem da lista de livros nacionais que devo
ler. Estou quebrando a lista já fazem algumas semanas, e até aí tudo era muito
normal.
Para alguém
que é amante da literatura, em especial da poesia, não ler Fernando Pessoa é um
crime horrendo! E confesso que desde que descobri no começo deste ano seus
heterônimos, passei a me achar menos louco, escrevendo com outros nomes em
outras épocas da minha vida.
Até aí
tudo bem. Porém, comecei a ler seu livro fim de semana. “Mensagem” seria mais
um da minha lista. Pulei todas as informações da capa, fui logo para a parte um
do livro, cheio de suas histórias de personagens portugueses que de nada seriam
importantes para mim. Até que, hoje de meio dia terminei a parte um. Estava intrigado
e fui ler a pequena biografia que acompanhava o livro. Me intriguei ainda mais
e fui para o começo do livro novamente, li toda a introdução e ali me bateu uma
dor antiga. Coisa da minha cabeça de anos atrás, quando me deparei sem mãe com
uma caneta na mão. Ele não seria apenas mais um poeta português da minha lista
de leitura. Isso já era de se esperar de qualquer ser humano que abre seu
coração para Fernando Pessoa. E me entreguei de tal forma que não reparei que estava
acabando a parte dois, chorando no banheiro com os versos tão famosos:
“Valeu a
pena? Tudo vale a pena
Se a alma
não é pequena”
Versos
estes da poesia “Mar Português”. E entre tantas personalidades históricas acabei
vendo luz onde não achava que veria. E para mim, que sempre achei estranha esta
condição horrível em que vivo, tendo que frequentemente mudar para conseguir me
habituar com novos hábitos e costumes próprios, Fernando Pessoa parece ser um
ídolo, um mártir português que... Pois bem, chorei aqui novamente. A poesia me
deixa desta forma tão singela, tão pequenina, eu me sinto um nada perto de
tamanha imensidão de palavras, de efeitos sonoros e percepções e sentimentos. Um
dia ainda irei explodir, virar menos matéria e mais letras e nada...
E acabei
de folhear seu livro, pelas partes que virão. Que meus olhos terão o prazer de
ler, minha mente de reconhecer e minha alma de sentir. Qual será o mistério? Acredito
em fatos que devam acontecer. Sou apegado a numerologia, astrologia, simbologia
e dogmas espirituais (de diversas religiões). E não sabia por exemplo, que além
de heterônimos, sua obra prima também é composta da palavra fragmentos, de
poesia fragmentada. Neste momento pensei: sim. Estou indo pelo caminho certo,
acredito no meu Anjo da Guarda!
E para mim a “Mensagem” deste livro não poderia estar mais clara: hoje, dia 05 de Abril de
2017, às 13:42 minutos, de uma quarta-feira chuvosa, na cidade de Francisco
Beltrão, nasce um poeta legítimo. Eu quero viver este sonho. Eu quero me
completar de letras e literatura. Eu estou jogando fora todos meus sonhos de
bacharel em Arquitetura e Urbanismo, abandonando minhas perspectivas como
profissional arquiteto, minhas pesquisas da área de urbanismo, toda a visão que
as pessoas tinham sobre mim como sendo alguém com um futuro promissor,
criatividade e talento. Isso para mim é superficial. Eu quero adentrar dentro
do mundo das grafias, dos símbolos, e só sair de lá morto.
(Vinicius
Osterer, 05 de Abril de 2017)
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