Cê
acredita? Não vou falar sobre sarrar no ar, nem sobre rebolar e arrastar o
bumbum no chão. Vou falar sobre o que sei falar, como ser ingênuo e destruir o próprio
coração. Talvez eu seja louco pela demasia que choro, que amo, que acredito,
que sorrio, que quebro tudo que me rodeia, que implanto incômodos e
questionamentos imbecis. Mas eu sou um idiota, cê acredita?
Sim. Eu acredito.
Cê acredita
no amor? Você só quer sarrar no ar. Diz que vai abandonar, mas não
abandona, banca o irresponsável, a cadelona. E eu tenho que engolir o meu
choro. Não é amor é abandono. E não vou correr para você na primeira oportunidade... Não é por ser covarde, é por saber que você é uma grande mentira!
Cê acredita
nisso que escrevi? Amor é um sentimento para sentir e não para colocar dentro
do novo acordo ortográfico. Não preciso gastar tinta da minha caneta
esferográfica preta, nem erguer um copo de desilusão para ter uma ressaca de
amargura, pensar em você agarrado na minha cintura, falando sobre o quanto sou
um desgosto. Me afastando pelo pescoço, dizendo que não fui feito para ninguém,
me tratando com desdém, acabando com a minha vida aos poucos.
Cê acredita?
Eu não acredito. Eu não menti, talvez eu omito. Mas você destrói o que construo
todo dia. Parece que vivo na alegria, mas quem sabe fui eu que provoquei a
tempestade de ontem. Chovi por dentro mostrando meus dentes, me afastando de
suas correntes, amar acaba sendo destrutivo.
Então eu
volto para meu livro, eu leio a minha ficção. E começo a retratar a minha
própria ilusão. Qual deve ser a minha imagem? Não sou covarde para aceitar que
amo, sou extremista e isso não muda.
Quando seus
olhos me enxergam desprevenido, invadindo espaços que não poderiam ser teus, e quando
os universos que tenho no peito são sufocados por sua patética fixação do
palco, eu me pergunto: “Você está pedindo para morrer?”, saio correndo para me
defender, mas já é tarde.
Mas está
tudo bem! Cê acredita? Eu encontro o que procuro na paz do voo do pássaro, no
vento de chuva que muda o sol de um domingo, no sorriso patético de gente
estranha que encontro na rua, na chuva que leva tudo do caminho, quando estou em
silêncio e sozinho, quando lavo a louça depois do almoço.
No amor? Sim.
Eu acredito.
Não vou
acreditar menos por ter sido ferido. Nem menos por gritar, sem alguém ter me
ouvido. Não precisa ser real e fazer sentido, a literatura não cria estórias? Me
escondo atrás de mim mesmo, e de uma sessão horrenda de cinema. Eu sou figurante
da minha própria cena, capítulo atrás de capítulo, livro atrás de livro, fala
atrás de fala. Eu sou um idiota, cê acredita?
Meu Buda
de gesso tem mais sentimentos do que você. E meu coração de poesia detesta o
seu realismo crônico. Sou bucólico mas não sou santo. E sou egoísta quando se
trata de ser simbólico. Sarrar no ar, rebolar no alto...
Cê acredita
no que diz?
Eu não. Este Homem Amor entrou no CTI.
Dia 20 de Agosto de 2017,
Vicenzo Vitchella.
De todas as palavras que o querido Vicenzo já soltou por aí, estas são as que justificam o porquê de eu gostar tanto dele, cê acredita? Simplesmente maravilhoso.
ResponderExcluirBoa semana! 💕
Obrigado!!! :D :D Boa Semana para vc tbm!! :D:D
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