O mundo
matou mais um e ninguém percebeu que não é o mundo que mata. O mundo matou mais
um e ninguém percebeu para falar a verdade. Ninguém se atentou ao fato que
alguém foi estuprado ontem, ou que alguém perdeu a fé diante do que pode ser
feito.
O mundo
matou mais um homossexual, e criou mais um rótulo. O mundo começou mais uma
guerra para fazer a economia girar. O mundo matou só neste minuto centenas de
pessoas pela fome. O mundo me agrediu com um soco no rosto... Foi o mundo! Não
minta para mim! Não minta...
O mundo me
fez desabar e tentar suicídio. O mundo me fez rezar para que as coisas
melhorassem. O mundo me fez ignorar o que sinto e as coisas que deixei de
sentir. O mundo me fez colapsar em mil pedaços e não sair do lugar.
O mundo
matou mais um, mas era apenas mais um. Mais um, sem ser o positivo da
matemática. O mundo não pregou os olhos para dormir noite passada, ou dormiu
depois de tanto chorar sobre o travesseiro de madrugada.
O mundo me
disse que sou fora do peso padrão. O mundo me acertou em cheio no que sou mais
fraco. Por que amar então? Por que não entrar em colapso? Coletivamente zombaram
da minha cara, e aquilo machucou tanto pois só queria ser especial, com todos
os meus artifícios e verdades.
E as cores
que estavam sobre a mesa? Onde foram parar os amigos? O mundo não é possível
para alguém que não seja o mundo. Todo mundo ou Mais um? O mundo matou mais
um... Não percebo que não sou o infinito? No limite da existência é onde
habito. Não posso voltar no tempo e acumular dias a mais de vida.
O sorriso
que o mundo tirou,
As
lágrimas que ele deu.
Os amores
que ele sufocou
E a
tragédia que ele cometeu.
E a dor
que deixou nos olhos alheios,
Todas as
vezes que precisava desabafar...
Cheio de
espinhos e receios
Sem retribuir
o que alguém não pode ofertar...
O mundo
matou Mais Um... Acabou de estuprar coletivamente com a boca, com os olhos, com
a maneira mais fria de se violentar... E estou desacreditado. O mundo está perdido
ou eu que estou conformado? Eu que me esforcei tão pouco para mudar...
O mundo
matou mais um e ainda bem que não fui eu?
Somos tão
breves e o mundo é feito de brevidade, talvez seja coisa da idade, talvez coisa
que tenho no peito. Parei de ser um covarde neste exato momento! Parei não
porque o mundo parou, o mundo não para. Parei porque não sou quem me violentou,
sou maior, uma coisa rara. Apesar do mundo ainda não ser feito para as raridades.
Pelo sorriso
que o mundo me tirou e por tudo que com isso ele me deu. O mundo me matou, não!
O mundo me fortaleceu.
Dia 18 de Setembro de 2017,
Vicenzo Vitchella.
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