Não fiquei
preso na barreira dos seus olhos escuros. Já estava preso há algum tempo dentro
de um universo não beijado, que não era poesia e nem mesmo qualquer uma das
tantas porcarias que já senti quando enchi uma folha de caderno ou um livro.
Tenho a
vontade de gritar milhares de vezes as palavras porra e caralho, porque não é
estar preso na barreira dos seus olhos, mas transpassar e me sentir livre, no
suspense todo onde não habitam mais as palavras. Neste maldito silêncio...
Não vou
falar com metáforas sobre o peso do silêncio, de quando volto comigo mesmo para
casa, cheio de sua ausência. Talvez seja uma maneira de entender com mais
clareza a sua metáfora, onde depois eu disse:
- Não corte
a árvore. O erro não é dela. O erro é do mundo que exige que ela dê frutos em
todas as estações...
E esse tem
sido um problema. Querer todas as folhas, frutos, flores e ramificações da sua
presença todo segundo, quando seu queixo está sobre meu pescoço com seu rosto
rosado, perdendo a noção do que é o tempo lá de fora. É difícil escrever para
uma pessoa real e não idealizada.
Sim é
sobre ti. Sobre ti quando o peito dispara, e eu fico calado como um imbecil que
sou. Quando a ausência das palavras chega e fico olhando pela lateral, seu
sorriso expressivo como uma placa luminosa cheia de sol. Sobre ti e o seu lindo
jeito de calar a minha boca, com palavras imprevisíveis que me deixam
extasiado...
Querer se
molhar com a doçura de seus gestos e pegar uma gripe, não é castigo. Querer sentir
tudo que nunca havia e nem pensei ter sentido, quando vejo sua presença tão
sólida para meu material inflamável, passou a ser o meu abrigo. Seria cedo para
dizer qualquer coisa?
Te colocar
acima não é loucura, é um resultado. Não um resultado qualquer, de uma operação
matemática. Contigo eu paro no tempo. Contigo nada mais me importa. Estou errado? Castor e Pollux....
É toda a
sua maneira de encarar a vida, que não é pouca. A vida toda que tem a sua
altura exata, nem mais e nem menos. O jeito todo de quando sinto que posso
fazer acrobacias na minha cabeça, quando falo “como você está se sentindo?” e
você responde “Eu não sei”. Não saber é um paraíso. Eu repouso em ti quando
adormeço descalço.
Poder morder
os seus lábios que me calam, quando perco a razão em demasia, quando sei que
não caibo dentro de nada. Você bem mais universo, talvez infinito e tantos. Eu apenas
um verso simbólico e rascunhado. É permitido não tirar a imagem dos seus olhos
da minha cabeça? Pois eu não desejo.
Você é um
acerto. Uma questão descritiva sobre quem quero ao meu lado. Feita sem uma
didática estabelecida, sem o rigor pragmático de uma metodologia clássica. Sim é
sobre ti. Sobre a falta das minhas palavras. Das minhas justificativas tardias,
confundidas com um cavalheirismo doentio. Do que adianta ter em mim todas as
cores e as flores, se este sentimento repousa quieto e calmo?
Me afaste
com um mar de tempestades, que mesmo assim lhe enfrentarei com minha jangada de
cordas e galhos. Poderei dizer:
- Eu vi
ele na primeira vez que colocou um sapato. Estava lindo, mas transpassei o seu
olhar e me senti livre. Tão livre que o beijei me desmoronando, jogando minha
existência para tudo que é dele.
Não corte
a árvore, ela me faz chegar perto do céu. Seria cedo para dizer qualquer coisa?
Não corte a árvore. Se não for para dar frutos, dê flores e um significado. Estou
criando um dicionário inteiro para ti. Nele consta apenas o seu nome, e dentro
dele tudo o que eu já aprendi e senti contigo.
Dia 08 de Fevereiro de 2018,
Vinicius Osterer.
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