Eu não
vou. O que você não sabe é que se dissesse qualquer “ai” este aqui que sou,
largaria tudo e iria embora, usando a mesma resiliência e coragem que este você
acabou me dando. Embora para qualquer lugar, tentar qualquer coisa, nem que
fosse de qualquer jeito, com este você.
Isso não
nos contam quando pensamos em nosso futuro. Não contam que propósitos, hábitos,
perspectivas e necessidades mudam. Que as pessoas são mutáveis e não
descartáveis dentro deste processo. Não me falaram quando fui alfabetizado que
deveria ser alguma coisa além do que sou. Nem me instigaram a real necessidade
de ter um punhado de outras coisas que as pessoas de vinte e cinco anos já tem.
Seria
patético acreditar no amor quando eu mesmo queria sair encher minha cara, não
que hoje viver não se resuma a isso, acabei virando um conjunto dos meus
melhores erros mais comprimidos. Nem tudo se aprende com livros, com os pais,
com a vida. Pessoas vêm, com elas universos infinitos, cheios de crianças
sonhadoras que já se perderam pelo caminho. Em algumas brilham aqueles olhinhos
de curiosidade e aflição, em outras sente-se um pavor inerente do escuro, a dor
de quando coloca aquele remédio que arde com um Band-aid por cima...
O que este
você não sabia, é que se dissesse qualquer “ai”, este que sou eu largaria tudo
e iria embora. Não nos ensinam que o melhor lugar do mundo é perto da segurança
daqueles beijos mortais, que sopram na alma o que as estrelas sussurram no céu.
Não me
ensinaram quando disseram: “vai para o mundo” que ele seria assim. E eu não
vou... “tirei meu calçado com cuidado para pisar sobre o gramado, tinha um sol
muito forte que vinha sobre minha cabeça cheia de cabelos vermelhos. Por todo
jardim se observava um punhado das mesmas árvores, abraçadas com sua própria
existência e solidão. No topo de uma montanha, onde o horizonte se perdia de
vista, estava ela. Senti a força de suas raízes e a sombra dos seus olhos
castanhos. Rodopiei e busquei por um repouso. Ela me disse: algo em você está
diferente. E talvez algo em mim tivesse de fato mudado. Dentro daquilo que fui
educado a ser, surgiu um espírito de humanidade que se mesclava cada vez mais
com aquela árvore solitária. Me diziam frequentemente para buscar pelos frutos,
pelas flores, mas só queria buscar a vida. E ela me empurrou para cima, levando
meu horizonte para um horizonte maior. Depois me jogou para o chão dizendo que
deveria ser solitária...” Eu não vou...
Na estrada
do sol, com as nuvens tempestivas, com a solidão de minhas almofadas. Histórias
de amor não são contadas, são construídas. E eu não vou se quiser que eu fique,
se não quiser, também não vou te esquecer assim tão fácil. O que você não sabe
é que se dissesse qualquer “ai” este aqui que sou, largaria tudo, isso não nos
contam quando pensamos em nosso futuro.
Dia 19 de Março de 2018,
Vinicius Osterer.
Nenhum comentário:
Postar um comentário