quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

Delírios Literários

Assim como tudo na vida, minha literatura vive cheia de seus altos e baixos. Tem dias que levanto, coloco a roupa de desgosto e cada nova linha é uma miséria de palavras, de frases e orações. Tem dias que pelo simples fato de abrir os olhos a poesia está para todo lado. Não foi tão diferente assim nos dias que padecia de uma inflamação intestinal crônica, e contava os dias esperando que tudo acabasse.
E são estes poucos e intensos delírios literários, que temos quando estamos febris da ânsia de vomitar palavras pelos dedos, que me preenchem. Que fazem minha matéria não ser mais um punhado de átomos e todas essas coisas físicas e químicas que cansamos de estudar no colégio.
E lendo hoje Fernando Sabino e sua crônica: “Roteiro de Hong-Kong” me deparo com a mesma situação de 2012. Uma cama, febre e um delírio. Com menos chineses e pessoas orientais. E muito, mas muito menos valia literária e de grafia. Mas significativa para mim, libertadora de fato. Ali pensei: "essas palavras são uma droga! Quem é que escreve com quarenta graus de febre uma coisa deste tipo? Uma coisa ridícula destas? Eu quero poder escrever outras palavras, com algo a mais do que simples sentimentos reprimidos." E parti, um dia depois do outro, conhecendo outros escritores e permitindo errar onde tantos já erraram. Errando hoje também, publicando esta bosta.
Uma mesa como da Alice no País das Maravilhas, com muitas pessoas e seus ternos, senhoras de vestidos longos e homens mascarados, não me parece um delírio. É coisa de uma mente sonhadora, de um garoto com seus 19 anos, esperando a morte em uma cama. Esperando o tão aguardado fim do mundo de 2012. Delírios, delírios, delírios...
Não tenho uma máquina de escrever e também não sou uma máquina! Tem dias que preciso parar, pensar e por a minha cabeça em dia. Mas desde lá tenho apenas uma convicção: é hora de revolucionar com o chá. Olhar para nada não significa ver menos. E nem ver mais. Me passa a manteiga?


Hora de revolucionar com o chá.
Sentados em uma mesa vendo o mundo acabar.
Passe-me um pouco mais de manteiga,
Eu gosto do meu pão com algo a mais pra não engasgar,
Nunca pensei que seria interessante,
Ter uma febre pra poder delirar.

Quero algo que me faça acreditar,
Que vale mesmo a pena viver,
E não fingir a existência e sonhar,
Que um dia tudo pode acontecer.
Agora eu entendo o que é tentar.
Mesmo no fim poder nunca parar.

Essa merda foi feita para não se publicar,
Pelo dia e o momento que passei na madrugada,
Mas a minha criatividade foi pouca para elaborar,
Algo mais propício para essa fachada.
Hora de revolucionar com o chá.
Sentados em uma mesa olhando para o nada.

(Hora do Chá - 2012 - O Diabo Vespertino e a Loucura - Vinicius Osterer)

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Recado do Leitor

"Oi, tudo bem? Adorei os seus textos. Fiquei curiosa quando vi sua entrevista no blog. Espero ler mais textos seus."

Obrigado, todos estes comentários são motivadores. Confesso que penso todo dia em desistir disso. Mas, como abandonar a literatura? Só um bom adorador dos livros, com um café quente, em um dia de chuva vai conseguir compreender minha aflição. Peço desculpas se não tenho tempo para escrever mais frequentemente, sou um desempregado como muitos deste país, saio todo dia atrás de um emprego, mas está difícil a situação. Obrigado a todos os comentários!

Livros do Autor:

Entre em Contato você também, toda colocação é bem vinda!
E-mail: v1n1c1us.v.4ndre@gmail.com ou theallusion.sac@gmail.com

👄💕😜💢💀

domingo, 12 de fevereiro de 2017

Crônica do Crônico em Amor

Eu posso parecer um tolo, acreditando em tanto amor envolvido. Mas também posso ser a única pessoa que pensa em amor na face da Terra. Então, parei para pensar e mudar um pouco a perspectiva e ponto de vista, da maneira que encaro as coisas com pensamentos figurados pelo contra. Pois bem, lá vem o fato.
Ontem fiquei três horas falando e falando e sempre tinha assunto. Sabe aqueles momentos em que seu santo bate com o de outra pessoa, e você simplesmente deixa se levar pelas coisas? Por que não se permitir? Então me pergunto. E eu me permiti a saber mais sobre ele. A saber mais sobre mim, depois de tantos assuntos que pensei nunca conversar com pessoas normais. E acho que ele não é normal.
Sem fingimentos, uma realidade. Uma daquelas de filme de cinema. Poderia lhe mensurar como um cavaleiro solitário e digno da vida, com todo seu brilho e sua pomposidade. Poderia mensurar sua capacidade de comunicação, seu sol em gêmeos e ascendente em capricórnio. Seu contra gosto por pessoas de touro em escorpião, e sua tendência tão bonita de colocar a mão sobre o queixo, em formato de punho, como um grande filósofo grego. Mas isso não é amor, então não devo mensurar. E se for amor? Acho que sou crônico da doença de amar. Seria minha lua em peixes?
O lugar acabou fechando, a rua foi terminando, mas a conversa não acabava. E ficar intimidado por sua presença não me incomodava. Muito pelo contrário, testava meus limites para saber quem era aquele ser humano que eu habitava pelos meus 23 anos de vida. Estar perdido não é estar sem orientação. E você não se perdeu nas ruas da minha vida. Você é um pouco de luz nestes dias escuros de decepção.
Se você estiver lendo, sim. Eu sou este garoto bipolar de suas análises, sou toda esta incompreensão e tantas vezes sou fraqueza. E sua opinião sobre a cultura da ostentação é uma beleza! Irei ler as sugestões de sociologia, para tentar desacreditar desta sociedade, passar a acreditar um pouco mais neste mundo que me enquadro, de um bissexual que nunca foi ativista ou politizado. Nunca assumi esta causa como minha de fato. Sou este homem barbado que ainda dorme abraçado com os travesseiros, que come doce de leite direto do pote e que chora assistindo filmes como “Marley e eu”, “A Culpa é das Estrelas”, “O Grande Gatsby”.
Se é errado amar? Então continuarei errando. Amar não causa dano. Quem sabe tenha outra doença crônica e intratável: sou um crônico de amor por completo. Diagnóstico: um idiota que adora se iludir pelas palavras, sorrisos e olhares alheios. Sim, sou culpado. E você? Já deu amor e não julgamento hoje? De resto? Não lhe convém saber, esta crônica é sobre o amor e não sobre mim.

Dia 12 de Fevereiro de 2017, Vinicius Osterer.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Leia Brasileiros!

Título: "Memória de minhas putas tristes" traduzido por Eric Nepomuceno (2005)
Autor: "Gabriel García Márquez"
Ano: 2004

O "Leia Brasileiros" abre uma exceção hoje ao nosso colega colombiano Márquez. Além de retratar a vida de um velho com seus noventa anos, e de marcar a volta do escritor após um hiato de 10 anos longe da ficção, exalta temas como a classe operária, exploração de menores, prostituição e de uma forma sátira carregada de sentimentos uma valiosa lição: o amor não tem idade. Se encante como eu me encantei pela obra, e me surpreendi (pensava estar encarando algo similar ao livro "Cem anos de solidão") chegando a ler o livro de uma só vez, em um dia de leitura! Essa exceção vale a pena... Depois me diga o que achou!

Mande sugestões de autores nacionais! 
💯🔰💖💀💋

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

O Poema Sujo de Ferreira Gullar


O único poeta que me causou reviravoltas boas dentro da barriga. Sentimentos escuros, libertadores e insanos. Como você faz falta Gullar!
Não me darei o luxo de lhe analisar, por que quem sou eu para fazer uma análise? Só mais um grande fã da sua arte.

http://static.recantodasletras.com.br/arquivos/5319037.pdf (Para quem nunca leu este poema, eu recomendo! Uma grande obra nacional! Tenha suas próprias conclusões, depois tente não parar de ler sua soberania literária!).


Nação Feijão Com Arroz

A linha é cega.
Preguiça me mata.
Uma faca abstrata,
Uma roupa barata.
Atitude abusada,
Que grita e não fala.
Linha deformada,
Que cala, que dita, é bala.
O rio que corre,
A água que sobe e desaparece,
O olho que dorme,
O filho que se esquece.
Um dragão para São Jorge,
Esperanças para o futuro,
Um susto do lobisomem,
Para a base do momento puro.
O sertão é quente, doce e duro.
A opinião desorientada,
É vidrada, é calada, é usada,
É controlada, a manada, arroz com salada,
Feijão manipulado que olha por uma nação,
A nação feijão com arroz,
A nação do feijão e do depois,
Feijão com arroz,
Futuro do depois,
Manada com fome que pede,
Que usa o barato e fede,
O cheiro da nação,
O cheiro do governo da podridão,
Hoje dia de Bento,
Hoje é dia do arrependimento,
O começo da explosão solar.
Exortasse o demônio do poder,
Reza-se muito ainda para crer,
O futuro desse feijão com arroz.
Prisão de algemas,
As rosas serenas,
As lunas, as dunas, as curas,
O percurso de todo feijão.
O beijo negro de toda uma nação!
Cultura de massa, que entra na massa,
No lar daquele que quer o feijão,
Na batalha constante,
Na pura luta com o coração.
Isso é fácil, é compra barata,
É roupa barata, é marca barata,
Amazônia é a legal,
Derrubar para o ilegal,
O crime de um padre sem tutela,
A voz que grita pela mesma doce e bela,
Criança de uma grande nação.
O verde marrom,
A música sem tom,
A cor de bombom,
O carnaval da mulata,
É dia de feijão e de passeata,
Nação feijão com arroz.
Se a esperança existir não será no depois,
A faca abstrata, a roupa barata,
Avise a população,
Exortasse o demônio do poder,
Querido governo, salve nosso feijão.


(2012 - O Diabo Vespertino e a Loucura – Vinicius Osterer)