sexta-feira, 31 de março de 2017

Vou lhe publicar!

Sim, este sou eu!

Me deparei com isto: “se você tiver poesias, irei lhe editar e publicar em uma editora comercial”, não o chamei inbox. Seriamente, quem é que faz um trabalho desses de graça? E por que eu mandaria algum trabalho meu para alguém que sei lá o que faria com ele? Já li muitos casos de apropriação intelectual e fico receoso de mandar para terceiros minha obra. No nosso país se escreve tanto e se publica infinitamente menos.
E não é tão fácil assim desenvolver ideias em um contexto geral para algum livro. Pelo menos não para mim, com algumas ressalvas. Poesia se sente aos poucos. Ela vem de uma frase, de um pensamento e de repente está em várias rimas, várias palavras, vários temas dentro de um tema, que formam um livro. Pelo menos sempre foi assim comigo. Meus primeiros livros, que foram desabafos, são os únicos sem roteiro. Lembro de estar escrevendo “O Senhor da Madrugada”, e testando pela primeira vez na minha vida, escrever sobre um mesmo tema: a morte. Foram várias histórias sobre morte, com personagens frios, coisas estranhas que habitavam a minha cabeça de 17/18 anos.
Depois da morte, quis mais roteiros, mais histórias que fossem minhas e ao mesmo tempo universais. Caí no narcisismo no livro “Eu Me Quero com Sal”, e na loucura extrema de não ser mais eu mesmo no “Diabo Vespertino e a Loucura”, mas foi com “Arte Sedução” que assumi o papel de Maverick, um assassino profissional que matava pela escrita. Acho que foi ali, a primeira vez que pensei que não fosse realmente sobre mim, mas sobre a arte da poesia.
Com “Autores Renegados” quis exaltar este lado de pessoas que como eu, olham notícias como as citadas, com brilhos nos olhos: “Alguém quer me publicar!”, mas não é bem assim. Quantos foram engrandecidos depois de mortos? Isso pesa um pouco dentro da própria vida... Viver para nada, e muitos são renegados. Quem sabe não serei mais um desses?
Minha primeira grande superação veio com “TERAPIA”, um livro escrito por várias partes de um mesmo personagem, onde ao mesmo tempo em que Sebastien Cavendish escreve seus desabafos poéticos, ele deve encarar seu terapeuta, o terapeuta do terapeuta e por fim eu mesmo como escritor. Isso tudo mesclando poesia e teatro sobre a perspectiva de minha própria terapia e loucura, que é escrever.
Quando o alter ego morre no livro TERAPIA, eis que este escritor embarca para uma aventura perigosa por seu passado. Vem o livro “O Arcano 21”, que dentro dos arcanos é o arcano do mundo. E foi indo para o mundo que descobri o meu mundo interno. Aquele mundo que evitamos ouvir ou pensar, um mundo significativo de muita dor, muita alegria e libertação. E fui livre para poder escrever sobre tudo aquilo que não queria aceitar: minhas limitações, traumas, desejos e opções. Considero este livro um divisor de águas. Foi nele que senti que a literatura não poderia estar à parte na minha vida. E com ele editei todos os livros anteriores, e comecei a planejar algum futuro, sobre o que gostaria de escrever e ser como homem escritor e homem homem.
O livro “O Homem Ilusão” é o meio termo daquilo que me transformei. Alguém cheio de sonhos, impossibilitado de os realizar. Um homem que aprendeu seu dever social, um homem que aprendeu a se chamar de homem e não mais de menino e garoto. 
“Amor Amado Amor Amando” é sobre amor, é sobre amar sem ser amado, é sobre aquela coisa leve que me tornei, sobre aquele homem receptivo a qualquer sentimento da vida, independente se bom ou ruim. Foi tanto amor que acabei me afundando dentro da literatura nacional, lendo grandes poetas que me marcaram profundamente como pessoa e transformaram minha maneira de encarar a escrita.
E vos digo agora, que meu próximo livro de poesias, que venho trabalhando desde o começo do ano, é um pouco disso tudo: um homem fragmentado, um homem com um objetivo social, um homem tentando se introduzir na sociedade, dentro da sua própria vida. Esse homem continua cheio de ilusões e sonhos, mas agora ele tem muitos motivos para não parar de fabricar alternativas e conquistas. Vou me desnudar por completo, quero tentar ser mais universal. Por que a poesia me deu a vida, e esta vida tem que valer a pena.
Depois disso, ainda acha que mandaria minhas obras para qualquer um?

Vinicius Osterer, 31 de Março de 2017.

segunda-feira, 20 de março de 2017

Para Parar de Ter Medo


Não. Eu não poderia fazer de uma forma mais simples, por que sempre fui muito do exagerado. Então, para variar, pensei em colocar uma máscara de lobo, fazer um panfleto pouco explicativo e um grande cartaz:”Que papelão, só não é Friboi”. E que papelão! Para parar de ter medo, e ter algum dinheiro...

Dia 20 de Março de 2017, Vinicius Osterer.

quarta-feira, 15 de março de 2017

Leia Brasileiros!


Título: "Deixa o Alfredo falar!"
Autor: "Fernando Sabino"
Ano: 1976 / 9ªEdição 1983

Uma obra prima das crônicas brasileiras, tratando de temas cotidianos como o medo de aviões, cinema, literatura, viagens, casas assombradas, experiências próprias e outros assuntos, de uma maneira sarcástica para um público erudito ou popular. Sugiro pessoalmente a última crônica "Diante do Espelho", uma primorosidade de grafia, de estilo, de pensamento e criatividade, onde o simples fato de um escritor sentar e escrever, acaba sendo uma linda narrativa sobre seu mundo, amadurecimento, convicções literárias e gostos por determinados hábitos. Obrigado Sabino! Sua genialidade é totalmente expressa nestas 213 páginas de um grande artista e criador da nossa literatura nacional.

Mande sugestões de autores nacionais! 
💯🔰💖💀💋

Recado Do Leitor

Eu sei que este não é exatamente o espaço apropriado para um desabafo, se fosse no facebook diriam ser um "textão" (a geração que tem opinião sobre tudo, mesmo que superficial), mas estou um pouco decepcionado se posso dizer assim. Se esta reforma na previdência for aprovada, pelos meus cálculos tenho uns 50 anos de trabalho pela frente. Vou me aposentar perto dos oitenta. E acho que minhas vindas neste lugar, no blog Equinócio de Setembro, na página do facebook, vão ficar cada vez mais restritas. E não é pela fonte secar. É por falta de tempo. Neste momento tenho meu pai, sei que daqui a 50 anos, se estiver vivo, vou ser um homem velho com uma doença crônica cheia de complicações sérias... Então é isso, vou tentar dar certo em outra coisa, que pague minhas contas e minha aposentadoria.

Livros do Autor:

Entre em Contato você também, toda colocação é bem vinda!
E-mail: v1n1c1us.v.4ndre@gmail.com ou theallusion.sac@gmail.com

👄💕😜💢💀

quinta-feira, 9 de março de 2017

A Loucura

Sim. Ela veio do nada. Afetou minha percepção sobre o que eu era enquanto garoto de 17 anos. Passou da minha cabeça, ainda tão nova, para os meus cabelos virgens, percorreu todas as partes do meu corpo e se perdeu pelos olhos de outras pessoas. Voltou para o centro do meu coração:
- Ah a loucura! Como é bom ser um homem louco!
E passei a andar por aí caolho, com dor crônica na barriga, e um arco-íris sobre a cabeça. Passei a andar com o rosto erguido, e a sorrir constantemente, deixando as coisas fluírem. E fluir é o que me deixa mais louco.
Não sou um desses que pensam a loucura como uma doença mental. Doença mental é uma coisa, loucura outra bem específica. Eu sou um louco por completo, e já aceitei este fato.
Mas não sou louco por ser diferente, por pintar e colorir meus cabelos. Sou um louco por ainda dar amor sem o esperar de volta, acreditar nos meus sonhos de olhos fechados, me preocupar bem menos se tenho dívidas acumuladas, se tenho obrigações, se quero ou não quero mais projetar edifícios. E acho que de todas, mesmo algumas ainda sendo dúvidas, essa palavra “sonho” fica um pouco mais pesada, por que meu sonho pesa sobre as minhas costas. Já ouvi tanto que eu luto pelas coisas. E se as coisas não lutarem por mim na mesma intensidade?
- Ah a loucura! Como é bom ser um homem louco!
Como é bom remar o barco contra a correnteza, como é bom afirmar-se sem grandes argumentos (meus argumentos sempre são os mesmos), como é bom ser alguém diferente de cor todos os dias.
Fluir é o que me deixa mais louco. E este texto é fluído, não pensado, não imaginado, não sonhado, nem planejado. Por que sou louco o suficiente para deixar que as palavras acontecem, sem pudores e sem filtros. Deixar que elas venham para a tela do meu computador pago em algumas tantas prestações, pelo meu pai que ainda paga as minhas contas. Isso dói no peito. Não é vadiagem! É não ter projetos para executar e nem ninguém que queira dar emprego para um profissional diplomado, com um punhado de loucuras sobre as costas, estampadas sobre o rosto. Me resta? Acreditar nos sonhos. No pouco que ainda tenho e que é meu!
- Ah a loucura! Me corrompeu!
E ás vezes, mesmo sendo um louco de pedra, até as palavras pesam. Estou cansando disto tudo, vou ter que viver dentro da loucura do meu sonho em ruínas.

[...]
A cor preta sempre me pareceu um pouco mais sedutora
E um pouco mais formal para um crime.
As minhas loucuras sempre estiveram contidas,
No belo ato de matar no sublime.
E foram negociadas por dinheiro,
Por um mundo quase completo e inteiro,
Pois hoje em dia um punhado de palavrões e loucura
Fazem a história do mundo moderno.
[...]
(Alterações Cerebrais - 2013 - Arte Sedução – Vinicius Osterer)

domingo, 5 de março de 2017

Coisas Daqui, Daí

Aqui, onde eu moro, na Rua Santa Terezinha, de Francisco Beltrão, eu vejo o pôr do sol quase todos os dias. São coisas daqui. Coisas que eu sempre associo a aqui. O pôr do sol laranja, amarelo, vermelho sangue, um pôr do sol subtropical, de mata de Araucária.
No horizonte, curvado de montanhas, a cidade se perde. É interrompida por campos e matas que lá longe criam outras linhas sobre as linhas da terra. Parece uma mulher cheia de curvas, terra fértil e muito adorada. Se eu olhar para trás não vejo nada. Apenas o fim de uma rua sem saída. Se olhar para os lados mais morros e um pequeno trecho da área central da cidade, coberta com vegetações cinzas, características dos grandes centros urbanos modernos, árvores de concreto, vidro e aço, com pastilhas, pinturas e elevadores metálicos.
Quando eu piso na floresta acinzentada, com suas calçadas de blocos de cimento, asfaltos e postes gigantescos, eu sempre penso: “sim, eu sou uma parte deste lugar”. Não fico sempre com isto na cabeça, outras vezes repenso e digo: “não, esse lugar não me representa!”. E no fundo da minha existência eu sei que sou todos os cantos, todos os bancos das praças, as árvores dos parques e o sorriso das pessoas daqui.
Não posso pensar como elas pensam, ou agir da maneira que elas agem, mais isso é normal, não é mesmo? Deve ser assim em qualquer parte do mundo. Deve ser assim em qualquer pedaço de nação que existe ou que ainda há de existir. Sabe-se lá se isso tudo não mudará um dia.
Eu gosto de sair da biblioteca e saber que tem um café colonial na outra esquina, que me cobra oito reais para tomar um expresso e encher meu prato com salgados, enquanto tento ter ideias para o meu próximo e vindouro livro. Gosto de saber que tem missas na quarta feira, na igreja central, com formato de cruz, pintada de amarela ao lado da Torre da Matriz. E gosto mais ainda de saber, que no fim do ano terão fogos de artifício que explodirão no céu, sobre minha cabeça, vindo do Cristo Redentor e iluminando minha rua, como se aquele fosse um espetáculo particular de agradecimento pelos 365 dias do meu ano.
O lugar onde sempre se faz um pinhão na chapa, um quentão no inverno. Na minha casa não falta uma boa polenta com salame frito, com molho de frango, com leite frio. Fubá. Sopa de batatinha com farinha de trigo torrada, pelotas cozidas (uma espécie de massa com salame, uma delícia!), bolo de duas cores, cuca com carne assada. E batata é um alimento essencial para todos os dias da semana: no purê, fritas, na maionese de domingo, cozidas com sal...
Não falamos tanto “daí” assim. Apenas no final de algumas frases, no sentido de subsequente ao que aconteceu, enfatizando o que foi contado ou realizado: "eu fui lá e ela me disse isso, daí"... E a velha mania do “R” carregado? Não discuta com alguém sobre a diferença de dizer “porta”! As portas daqui tem o “R” carregado, mas são iguais, não se assuste, todas tem maçanetas, trincos e fechaduras!
Apesar de todas as coisas, eu gosto daqui. Deste daqui que vejo da minha janela, do daqui que ando todos os dias para ir ao mercado, a farmácia municipal pegar meus remédios, a universidade para fazer pós-graduação, a biblioteca para devolver livros (que mesmo sendo de uma cidade com menos de cem mil habitantes, abriga um acervo muito bom de literatura nacional!). Também gosto daqui, deste outro lado cheio de palavras. Deste daqui que ás vezes escrevo no domingo ou nas quintas feiras. E pensar que estava no banheiro, pensando sobre o que escrever! Mas isso, são coisas daqui do peito, daí.

Dia 05 de Março de 2017, Vinicius Osterer.

sexta-feira, 3 de março de 2017

Poesia e Suicídio

Se já pensei em me matar? Não dizem que os poetas estão mais propensos a isso? Não dizem que quem sofre com dores crônicas sucumbem mais cedo? Estou dentro destas duas estatísticas. Por que eu não pensaria em suicídio? Primeiro, antes de tudo, devo alertar que pesquisei no Google a palavra suicídio, e me deparei com um verdadeiro suicídio ortográfico! Escrevia ela com acento no primeiro I. O que na hora da fala fica bem estranho. Já tentou falar assim? Dá nó no estômago, fica até feio para mim... Afinal, falo tanto assim que escrevo por anos e não sei escrever suicídio? Ninguém é perfeito, assim como o suicídio também não é.
Pensar que a morte pode apaziguar alguma coisa é se submeter a sua própria fraqueza. E é bom estar deprimido, sentir-se uma escória ou um lixo. Todos estes sentimentos são igualmente valorosos para a formação de grandeza do caráter humano. E nós, querendo ou não, ainda somos humanos (com algumas exceções, que prefiro não escrever aqui neste texto, já tão carregado de palavras de dor e negativas).
Se já tentei me matar? Sim e não. Acho que não foi tão intencional, como aquela vontade de morrer expressa tantas vezes nas cenas do cinema ou da televisão, nos contos e romances que eu já li. Não foi nada bonito tomar remédios para dormir e quando acordar sentir que ainda estava vivo, numa tarde de quarta feira de verão escaldante, depois de voltar da aula de inglês, sozinho em casa. Foi no ano que minha mãe morreu e as coisas não faziam nenhum sentido.
E se você ser destratado no colégio, tendo cinco amigos entre quinhentos e tantos, ser julgado e enfrentar desaforos, instabilidade familiar, personalidade ainda em desenvolvimento, dores sem motivos aparentes, forem coisas que não fazem sentido, então não sei o que é que faz. Sou da primeira geração do bullying, daquela em que o termo violência física e emocional, trazido para o português, começou a ser debatido.
E posso vos garantir: hoje sou eu que sonho com castelos, e não aqueles de areia que vemos nas praias, mas aqueles de pedras da Idade Medieval. Morrer? Todo mundo vai morrer um dia. Por que eu deveria adiantar as coisas? A vida é essa roda da fortuna!

[...]
Alguns comprimidos a mais não me matam,
Algumas palavras a mais não me tiram do sério,
Alguns planos fracassados não me interessam,
Os meus sonhos acabados não me importam,
O quanto você acredita em você muito menos.
Se tivesse algum tipo de veneno nessa casa,
Cansei do meu, tão ácido e mórbido.
Vou ter que sair daqui e fechar os meus olhos,
E eu sei que isso não vai ser um fim,
Por que eu morro quando eu quero.
Se não posso decidir o que ver, ouvir e falar,
O que eu posso comer e no que eu posso opinar,
O jeito mais belo que me sobra é tomar,
Comprimidos que me dopem desse mundo de hipocrisia.
Enquanto você sonhava com castelos, eu sonhava com a companhia,
Da felicidade ao apego da minha amiga morte.

(Vai Tomar No... - 2012 - O Diabo Vespertino e a Loucura - Vinicius Osterer)