Assim como
tudo na vida, minha literatura vive cheia de seus altos e baixos. Tem dias que
levanto, coloco a roupa de desgosto e cada nova linha é uma miséria de
palavras, de frases e orações. Tem dias que pelo simples fato de abrir os olhos
a poesia está para todo lado. Não foi tão diferente assim nos dias que padecia
de uma inflamação intestinal crônica, e contava os dias esperando que tudo
acabasse.
E são estes poucos e intensos delírios literários, que temos quando estamos febris da ânsia
de vomitar palavras pelos dedos, que me preenchem. Que fazem minha matéria não
ser mais um punhado de átomos e todas essas coisas físicas e químicas que
cansamos de estudar no colégio.
E lendo
hoje Fernando Sabino e sua crônica: “Roteiro de Hong-Kong” me deparo com a
mesma situação de 2012. Uma cama, febre e um delírio. Com menos chineses e
pessoas orientais. E muito, mas muito menos valia literária e de
grafia. Mas significativa para mim, libertadora de fato. Ali pensei: "essas
palavras são uma droga! Quem é que escreve com quarenta graus de febre uma
coisa deste tipo? Uma coisa ridícula destas? Eu quero poder escrever outras palavras, com algo a mais do que simples sentimentos reprimidos." E parti, um dia depois do outro, conhecendo outros escritores e permitindo errar onde tantos já
erraram. Errando hoje também, publicando esta bosta.
Uma mesa como
da Alice no País das Maravilhas, com muitas pessoas e seus ternos, senhoras de vestidos longos e homens
mascarados, não me parece um delírio. É coisa de uma mente sonhadora, de um
garoto com seus 19 anos, esperando a morte em uma cama. Esperando o tão aguardado fim do mundo de 2012. Delírios, delírios, delírios...
Não tenho
uma máquina de escrever e também não sou uma máquina! Tem dias que preciso
parar, pensar e por a minha cabeça em dia. Mas desde lá tenho apenas uma
convicção: é hora de revolucionar com o chá. Olhar para nada não significa ver
menos. E nem ver mais. Me passa a manteiga?
Hora de revolucionar com o
chá.
Sentados em uma mesa vendo o
mundo acabar.
Passe-me um pouco mais de
manteiga,
Eu gosto do meu pão com algo
a mais pra não engasgar,
Nunca pensei que seria
interessante,
Ter uma febre pra poder
delirar.
Quero algo que me faça
acreditar,
Que vale mesmo a pena viver,
E não fingir a existência e
sonhar,
Que um dia tudo pode
acontecer.
Agora eu entendo o que é
tentar.
Mesmo no fim poder nunca
parar.
Essa merda foi feita para não
se publicar,
Pelo dia e o momento que
passei na madrugada,
Mas a minha criatividade foi
pouca para elaborar,
Algo mais propício para essa
fachada.
Hora de revolucionar com o
chá.
Sentados em uma mesa olhando
para o nada.
(Hora do Chá - 2012 - O Diabo
Vespertino e a Loucura - Vinicius Osterer)
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