Capítulo
X – No Escurecer
Júnior
estava atrasado novamente para a aula. Pulou rapidamente da cama, colocou a
primeira roupa que viu pela frente, pegou seus óculos e seu equipamento e saiu
em disparada.
-
Júnior!!! Não vai tomar café? – perguntou Valentim, que se encontrava no balcão
da cozinha fazendo torradas.
-
Não tenho tempo para isso... Estou atrasado... Dormi novamente muito... Você
viu a outra chave do carro?
-
Não é uma boa ideia! Eu te levo. Você ainda não tirou carteira.
-
Mas quase... Já fiz todas as aulas práticas...
-
Isso não lhe garante nada. Vamos, pega aqui uma torrada e pelo menos vai
comendo no caminho. Valkíria ainda está dormindo, só um minutinho que vou
avisar ela, depois lhe levo até a universidade...
-
Obrigado. Mas não demore, por favor.
-
Sim, sem problemas.
Quando
Valentim voltou Júnior estava dormindo no sofá da sala. Então, ele o acordou:
-
Vamos? Você não está atrasado?
-
Ai Meu Deus!
-
Seu equipamento...
-
Não sei onde que deixei minha cabeça hoje! Isso que dá, ficar brigando até
tarde. Merda no dia seguinte... – disse isso pegando suas coisas e indo para o
corredor do andar.
-
Vocês? – Valentim fechou a porta e o seguiu. Júnior esperava o elevador.
-
Sim, lhe conto no caminho. Porque aqui, entre essas paredes do corredor, já
tive muitos problemas ontem. E já estava com o meu limite de saco esgotado. Por
isso terminamos.
Então
desceram até a garagem, e de lá em diante, Júnior contou tudo aquilo que havia
acontecido na noite anterior.
“Ele tinha me ligado
quando era umas seis da tarde. Eu tinha acabado de sair da última aula do dia,
porque sabe que meu curso é integral, e estava na cantina tomando um suco de
frutas e comendo alguma coisa. Estava com muita fome. Ele já tinha me ligado
outras vezes, mas eu não podia atender o telefone, estava dentro da sala, com trabalho
para fazer. E, está aí uma coisa que ele não compreende. Somos de áreas
totalmente distintas para as coisas serem iguais para ambos. Não atendi. Apenas
respondi, com uma mensagem, que tinha acabado de sair e que logo chegaria em
casa.
Para chegar um pouco mais
rápido peguei carona com um amigo de sala, você e Valkíria estavam indo para a
aula, e como sempre disse, dou meu jeito e faço da minha maneira. Sou teimoso,
você bem sabe. E Carlos estava treinando a minha paciência, e não era só aquele
dia. A semana toda sismou que estava acontecendo alguma coisa, e qualquer sinal
diferente que ele notava, deduzia que era por falta de amor ou algo assim. Mas
eram apenas provas, trabalhos, coisas e mais coisas que eu tinha que fazer.
Isso ele nunca compreendeu.
E esse seu argumento Valentim,
de que é o primeiro relacionamento e amor dele, não cola. Isso não significa
que não deva ter respeito e confiança em mim. Eu sei que tenho razão, Valentim.
Eu posso ser um jovem meio estranho, estranho demais até para a estranheza, mas
isso não significa que eu não tenha um raciocínio um pouco mais evoluído com
relação à algumas coisas. Eu nunca cogitei trair ele. Isso nunca passou pela
minha cabeça. E não me faltaram oportunidades! Eu tinha respeito e confiança.
Fora, que ele nunca me
aceitou em público. Ele tinha vergonha de mim. E com relação a isso, eu não
tinha como fazer absolutamente nada. Era um problema maior da parte dele, se
aceitar por completo. Ele não ajudou muito nas coisas. E eu também não quis
ajudar. Sabe essa coisa de maturidade, que só vem depois de um certo tempo? Ele
foi meu primeiro relacionamento mais sério. Isso complica um pouco as coisas.
Eu sei que você entende isso, Valentim. Mas você e o Leo se respeitavam
mutuamente, passaram por situações juntos que eu e Carlos não passamos. Isso
muda um pouco as coisas. E, sinceramente não queria mais que desse certo. Quem
sabe quis apenas no início. Eu preciso de alguém que me aceite por completo.
Eu não preciso ser aquela
ilusão de alguém que me ama, por aquilo que eu finjo ser e não sou. E confesso
que é bom saber que se é amado. Mas, isso não é tão recíproco. Ele tem aquela
inocência juvenil que eu não tenho. Ele tem pudores dos quais eu não tenho. Ele
é certo demais para alguém tão deslocado como eu. Olha para mim! Um garoto
usando uma regata preta, com a estampa do Mikey, com o cabelo bagunçado, com
uma câmera na mão, uma mochila e um punhado tão grande de sonhos. Olha para
ele, literalmente um Nerd, com óculos de grau, cabelo arrumadinho, olhos
perfeitos, pasta com computador, estilo casual sexy. Isso não dá muito certo!
Desta vez é definitivo,
Valentim. Claro, que sim. Você vai ver. Eu quero me focar no curso, um pouco
mais em mim. Meu amor próprio está um pouco abalado. Vou por toda esta energia
negativa de nossas brigas em alguma coisa produtiva e sincera. Não é assim que
fizeram os grandes artistas de outras épocas? Então, por que é que eu também
não posso?
Mas nós já sentamos
conversar sobre estas coisas Valentim! Dona Lúcia está de prova, pelas tantas
vezes que ficamos até tarde falando sobre isso. Mas eu não posso mais fazer
nada. Ninguém é perfeito, assim como eu tenho meus defeitos, mas quero alguém
que entenda que sou esse punhado de coisas que ele não dá bola: eu sou aquilo
tudo que eu gosto, que eu desgosto, aquilo tudo que eu expresso enquanto falo
ou fico calado, eu sou essa teimosia doida, sou esse punhado de sofrimento. Eu
sou a minha própria aprovação. E ele não foi feito para mim. Ele mal se conhece
ainda. Tem muito para aprender, e não sou eu que vai ensinar. Eu não posso
ensinar aquilo que eu não consigo. Não foi um término de relação, foi um
livramento!
Como não falar assim
Valentim? Eu não era feliz com a situação. Me sentia sufocado, enjaulado.
Precisava justificar por que tinha chegado cedo ou tarde demais. Precisa
justificar por que estava triste ou feliz. Por que eu não queria ou por que
queria. Isso não é saudável para ninguém. Isso não é uma relação benéfica para
a saúde mental de ninguém!
Onde foi que eu parei? Ah
sim, estava na faculdade tomando suco e ganhei uma carona, isso? Quando cheguei
em casa ele estava lá na portaria com Seu José. Fez um alarde, me fazendo
passar vergonha, como se fosse meu dono. E eu não sou propriedade de ninguém,
como Valkíria mesmo diz. E mais, quando tentei me justificar e dizer alguma
coisa, ele pediu para mim ficar quieto, que ali não era um lugar bom para
resolver as coisas, estávamos em público. Olhe se isso tem algum cabimento?
Eu fiquei puto da cara.
Subi com ele até nosso andar, mas não entrei no apartamento. Discutimos feio no
corredor e entrei para casa, terminando tudo com ele. E para dizer a verdade,
estava esperando um pretexto para fazer isso. Eu não aguentava mais essa
pressão, esse negócio todo que tinha que dar certo. Não tinha que dar certo. Se
tivesse tinha dado logo de cara, na nossa primeira tentativa, você não acha?
E ele era muito enrustido
para alguém como eu. Eu sei que é ridícula esta palavra, Valentim. Mas não sei
como me expressar de uma forma mais correta. Você sabe muito bem por tudo que
passei, até ser este sujeito que sou hoje. Tive que me preencher de todas as
coisas boas possíveis e me manter forte para aguentar os desaforos externos e
internos da minha casa. E isso já é uma página superada. Mas, eu procuro alguém
que se coloque no meu lugar, que tenha andado por caminhos semelhantes aos
meus, sofrido as mesmas dores. Um alguém que entenda meus silêncios e mudanças
drásticas de comportamentos. E eu me coloquei por tanto tempo no lugar do Carlos,
sem receber isso de volta. Não que cobrasse isso. Olhando para o retrospecto, é
uma relação sem fundamentos. Ambos saímos desgastados disso tudo.
No começo aceitei de uma
forma tranquila que não deveríamos dar as mãos em público, ou trocar algum tipo
de carícia. Mas, com o passar do tempo isso não foi mudando, e ele não se
sentia ruim com esta situação. Nunca pediu se aquilo me incomodava. E aquilo
para mim era um incômodo muito grande! Por que estávamos juntos se não poderíamos
ficar juntos? Ele tinha vergonha de mim? Sim Valentim, eu sei. Ele tinha
vergonha dele mesmo. Mas por quê?
Eu não tenho tempo para
isso, Valentim. Não tenho tempo para uma relação escurecida pelos problemas
internos dele. Eu vou ser feliz um dia. Vou ser feliz na hora certa. Como não
chorar, Valentim? Como não chorar? Não sou romântico, mas não sou frio como
ele”.
Eu
sempre fiz muita gosto deles dois juntos. Mas, era uma relação destrutiva da
parte do meu filho Carlos. Ele não amava, era obcecado por Júnior. E era visível
que esta relação só funcionava pela extrema paciência que Júnior tinha com ele.
As atitudes não mudavam, estavam cada vez piores, então eles passaram a regular
os encontros para os fins de semana. Júnior estava sempre ocupado e Carlos sempre
estava reclamando.
No
escurecer daquele dia de atrasos, quando Júnior chegava perto do condomínio, meu
filho o parou, pois queria esclarecer os seus comportamentos e sentimentos.
Júnior continuou andando, ignorando a presença dele, respondendo com curtas
palavras aquilo que já havia deixado claro no dia anterior: não teria mais
volta.
-
Isso não pode acabar assim desta forma!
-
Pode e acabou Carlos. Agora me deixa passar porque quero ir para casa, estou
cansado das aulas de hoje, quero tomar banho e dormir...
-
Só quero saber o que te fez mentir para mim, o que te fez mentir que me amava?
Eu posso mudar...
-
Não menti. E não, você não pode. Está provando isso agora.
-
Você é muito idiota. Nossa... Eu te odeio... – vendo que algumas pessoas reparavam
a briga, Carlos se estremeceu e continuou as ofensas – Seu viado, nojento,
imundo. Você acha que vai conseguir alguma coisa sendo desta forma? Você
deveria se dar o respeito...
Parecia
que Carlos gostava de um show com plateia. Nunca esperei ver o meu filho fazer
uma coisas dessas no meio da rua. Ferir os próprios princípios em nome de um
amor.
-
Sério isso Carlos? Tenta outra vez porque isso não me afetou. Você nunca
menosprezou esse viado aqui. Muito pelo contrário, está fazendo um papel ridículo
por ele. Pode continuar falando o que você bem quiser. Dois fatos sobre tudo
isso: não tem mais volta e você é um lixo. Deixa de ser enrustido e vê se me
erra!
Carlos
não se conteve e acabou esmurrando a cara de Júnior, que mesmo caído no chão e
sendo chutado, não revidou. As pessoas observavam com suas câmeras dos
celulares ligadas. Leo que estava próximo, vendo há algum tempo que as coisas
estavam indo para um lado ruim, se aproximou e separou os dois, pedindo para
meu filho ir embora. Ele então começou a brigar com Leo, mesmo tentando e não
conseguindo o agredir. Só parou quando cheguei e apaziguei os ânimos de todos
ao redor, já haviam muitas pessoas envolvidas.
-
Acabou o show, vamos! Embora, passando todo mundo! Gente mais curiosa, não
podiam ajudar aqui, não? Para isso ninguém presta. Vão postar o que vocês
fizeram aqui para se sentirem um pouco menos vazios e abestalhados? E você meu
filho, acha que está fazendo o quê? Perdeu a noção da realidade? Eu não criei
você para me fazer passar vergonha no meio da rua. Você acha que consegue o
amor de uma forma bruta? Você acha que ele é realmente o culpado por tudo que
aconteceu? Quem tem sangue nas mãos não é ele. É você meu filho! Acha bonito
ter sangue nas mãos da pessoa que você ama?
-
Mãe... – Carlos começou a chorar e abaixou sua cabeça. Sabia que estava errado.
-
Eu tentei separá-los Dona Lúcia e olhe o que seu filho me fez! Ele é louco ou
algo do tipo? Estava batendo no Júnior sem motivo nenhum aparente...
-
Dona Lúcia desculpa, mas ele não entende que não tem mais volta? Nós
terminamos... – Júnior complementou o que Leo falava.
-
Seu viado nojento... – gritou Carlos.
-
Passa Carlos. Vamos! Continua com as ofensas? Ainda acha bonito isso tudo? Eu
não criei um filho para agir desta forma, quando entrarmos dentro daquele
prédio iremos nos acertar. Como dois adultos, não mais como uma mãe e um
adolescente. Está na hora de você sair das fraldas e ter um pouco mais de
responsabilidades sobre os seus atos – Carlos me obedeceu, e fui me antecipando
antes de sair – Eu estou envergonhada com o comportamento dele. Peço desculpa
para vocês dois e não se preocupem, ele não irá mais incomodar, nem que tenha
que passar uns bons dias fora. Se tem cabimento uma coisa dessas...
E
atravessei a rua, indignada com o incidente. Deixei Leo e Júnior sozinhos, com
um imenso desgosto para suportar sobre as minhas costas.
-
E aí? Consegue levantar?
-
Consigo... Estou meio atordoado ainda com isso que aconteceu. Não é de se
assustar? Eu namorava isso... Alguém que me difama pelas costas, sabendo
exatamente quem eu sou. Sendo exatamente igual à mim...
-
Igual nada. Se fosse igual não teria feito este papel idiota, bater em
alguém...
-
Parece que sempre estamos próximos nestes momentos, não acha?
-
Que momentos?
-
Sempre envolvidos em brigas...
-
Temos que brigar por aquilo que amamos...
-
Como?
-
Você é como minha família agora! Quer subir e se limpar, lavar o rosto? Depois
você vai para casa. Valkíria e Valentim vão ficar preocupados se chegar com
este rosto assim...
-
Eu aceito. Nossa, ainda bem que ele não fez nada em você. Não o perdoaria por
isso!
-
Meu santo é forte! Agora vem cá que lhe ajudo. Aí no chão não é o seu lugar! –
Leo estendeu sua mão e levantou Júnior do chão.
-
Obrigado. Valeu mesmo.
-
Sem agradecimentos.
-
Sei, sei... Essa coisa toda, que já estou cansado de saber!
Subiram
até o apartamento de Leonardo. Foi aí que Júnior percebeu que nunca esteve ali,
depois da reforma. Estava tudo perfeitamente arrumado. Decoração moderna, cores
vibrantes, conceituado sobre cinema. Ficou extasiado com o que viu. Foi até o
banheiro, lavou o rosto, tentou não esmorecer e foi até a sala onde Leo estava
sentado esperando-o.
-
Então, gostou? Ainda falta a cozinha!
-
Ficou muito bom Leo! Ainda mais para alguém que ama cinema como eu!
-
Eu fiz o projeto, digamos assim. Fiz uns esboços do que queria em papel
vegetal, com tinta nanquim... Olhe aqui... Aí ficou fácil para a decoradora
saber exatamente o que eu queria... Foi um trabalho em conjunto digamos assim.
Também sou um amante da sétima arte.
-
Que lindo. Realmente um trabalho artístico. Você tem talento para isso! Nunca
pensou em fazer decoração, arquitetura ou alguma coisa do tipo?
-
Você acha? Pior que não. Acho que não me daria bem nestas áreas.
-
E como não achar isso? Estão perfeitos, olhe para estes desenhos. E de onde
esse seu gosto pelo cinema?
-
Sempre fui viciado nos romances e dramas de outras épocas.
-
Então você vai ser vital para meu documentário.
-
Um documentário? Sobre o que exatamente? No que puder ajudar e eu for útil...
-
Sobre a evolução de como o amor foi retratado nos grandes clássicos de outros
tempos, e os modernos claro...
O
silêncio foi a terceira pessoa da sala por alguns segundos, até Leo o
transformar novamente em um substantivo abstrato:
-
Precisando, só descer até aqui. Sugestões de filmes é que não faltam...
-
Ok. Vou indo. E se puder não dizer o que aconteceu para Valentim e para a
Valkíria. Vou me sentir mais confortável sobre isso.
-
Sem problemas. Entendo um pouco você.
-
Eles iriam implicar com minha segurança e coisas do aspecto. E não quero isso
agora. Gosto de fazer o que me dá na telha.
-
Pode ir. Não vou comentar nada que você não queira.
-
Peço desculpas por Carlos. Ele ainda é muito, sabe... Cru e imaturo para a
vida. Como se eu tivesse uma grande experiência para falar isso!
-
Não se preocupe. Estou tranquilo. Agora perdoa ele, Júnior. Deixa ele ir embora
da sua vida sem remorsos e sem rancores. Vai por mim, isso apenas irá lhe fazer
bem.
Júnior
deixou Leo, e com seus pensamentos chegou em casa, como se nada tivesse
acontecido. Tirou sua roupa e entrou no banho gelado.
“Não
é possível!” – Ele pensou.
Leo
depois que fechou a porta, estava ciente desta nova batalha. Depois de
Valentim, colocava grandes barreiras nas pessoas, evitando que se aproximassem
demasiadamente de seu cotidiano e da sua vida. A arte o persuadia a viver
equilibrado dentro de dois mundos. Mas agora estava perceptivo de que as coisas
poderiam fugir da lógica rotineira e da ficção. E mesmo que não fizesse sentido,
iria sentir por Júnior um sentimento com limite explorável de conforto. Mesmo
que ficasse apenas concretizado sobre suas telas. Ligou o rádio, acendeu um
cigarro, colocou água para ferver. Depois de tomar o seu chá iria começar uma
grande obra de arte sobre o amor e a vida. Sobre a vida que ele não queria mais
fugir.
O
amor simplesmente acontece. Vem e vai de formas estranhas. Um dia acordamos e
nossa cabeça roda, dizemos um bom dia, fazemos nosso café, saímos para mais um
dia de serviço, e nos perdemos em olhos alheios e profundos, porque não
queremos mais tanta superficialidade. E esses olhos são tão fundos que nos
afogamos, não sabemos nadar, mas nós tentamos. E bebemos água e mais água, e
bebida atrás de bebida. O mundo não parece mais fazer nenhum sentido. E lemos
livros e mais livros, assistimos filmes e mais filmes. Mas mesmo assim ainda
estamos dentro daqueles olhos. Os olhos de todas as cores que se encontram nas
ruas movimentadas ou quietas. Vem então os sonetos, as rosas e as poesias. O
mundo dos sonhos é uma fuga. E não tem como fugir de outros olhos.
E
o amor simplesmente vai embora. Acordamos e não damos mais bola, dizemos um bom
dia, fazemos nosso café, saímos para mais um dia de serviço, olhando para o
chão ou para o relógio, para não perder o tempo. E como perdemos tempo. Não
conseguimos fugir do tempo. Da nossa velha cultura de sofreguidão. Me perdi
dentro da estória e Leonardo deu sua primeira pincelada na tela vertical da
vida.
“Não
é possível, estar me afeiçoando por ele. Ele é tudo que eu não quero agora e
mais um pouco!” – Júnior se secou e colocou seu pijama para dormir.
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